O presidente Lula (PT) afirmou nesta segunda-feira (20) que não quer "briga" com os Estados Unidos na gestão de Donald Trump e espera que os americanos mantenham a parceria histórica com o Brasil. "Da nossa parte, não queremos briga nem com a Venezuela, nem com os americanos, nem com a China, nem com a Índia, nem com a Rússia. Nós queremos paz, harmonia, ter uma relação onde a diplomacia seja a coisa mais importante e não a desavença, a encrenca", declarou Lula ao início de reunião com ministros de seu governo.

Lula também comentou as preocupações em torno da eleição de Trump, dizendo que há quem acredite que a vitória do republicano “pode causar problema na democracia mundial”. Entretanto, o presidente torce para que Trump faça uma “gestão profícua, para que o povo americano melhore.” Ele reafirmou o desejo por uma relação baseada no pragmatismo e na diplomacia, destacando que não há animosidade em relação aos Estados Unidos.

Enquanto Trump assumia o cargo nesta segunda-feira, em cerimônia em Washington, Lula deixou claro que o Brasil busca evitar conflitos internacionais e espera construir relações de cooperação mútua. Lula destacou ainda que seu governo não pretende entrar em desavenças com grandes potências, preferindo o diálogo e a busca por soluções pacíficas.

A presença de Lula na cerimônia de posse de Trump não estava nos planos, já que é incomum que chefes de Estado estrangeiros participem do evento. A embaixadora do Brasil em Washington, Maria Luiza Viotti, representará o país na cerimônia, mantendo os laços diplomáticos entre Brasil e EUA.

A relação entre o governo Lula e Trump é vista com otimismo pela diplomacia brasileira, que espera uma gestão pragmática por parte do novo presidente americano, mesmo diante das declarações protecionistas e do círculo de apoio da ultradireita que o cercam. Membros do governo Lula destacam que não há nada que impeça uma relação respeitosa entre os dois líderes, visto que Trump nunca atacou pessoalmente o presidente brasileiro.

No contexto político, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mantém diálogo com Trump e seus aliados. Seu passaporte está retido em razão de investigações, incluindo suspeitas de envolvimento em trama de golpe de Estado em 2022, e ele não poderá viajar para os EUA para a cerimônia de posse. Entretanto, seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, organizou uma comitiva de parlamentares da oposição para acompanhar o evento. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também se encontra em Washington por ocasião da posse.