O DITO PELO NÃO DITO
Recuos de Bolsonaro em suas alianças ganham destaque nacional e geram críticas entre aliados
Malafaia acusou Bolsonaro de covardia e omissão nas recentes eleições municipais em São Paulo e em Curitiba, questionando: “Que líder é esse?”.
08/10/2024
23:55
CE
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Os recentes posicionamentos de Jair Bolsonaro (PL) em relação às eleições municipais de 2024 têm gerado críticas e controvérsias entre seus aliados, especialmente em Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo. As decisões do ex-presidente foram consideradas erráticas por líderes próximos, que apontam sua falta de firmeza nas alianças políticas. Em uma declaração que repercutiu nacionalmente, o pastor Silas Malafaia destacou a tendência de Bolsonaro em fechar acordos, mas muitas vezes não cumpri-los, o que desencadeou uma crise no campo bolsonarista.
Críticas de Silas Malafaia acirram tensões no grupo bolsonarista
Malafaia, conhecido por ser um dos principais defensores de Bolsonaro, não poupou críticas ao ex-presidente, chamando-o de "covarde e omisso". Ele afirmou que Bolsonaro se mostrou reticente em São Paulo, especialmente diante da disputa entre Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB). O pastor sugeriu que Bolsonaro, ao apoiar Ricardo Nunes, temia um revés eleitoral caso Marçal saísse vencedor, indicando que as decisões do ex-presidente teriam sido influenciadas por preocupações com a repercussão nas redes sociais.
A declaração de Malafaia gerou uma onda de reações entre aliados de Bolsonaro, com alguns defendendo o ex-presidente, enquanto outros reconheceram que ele tem falhado em manter suas promessas. Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, foi um dos que saíram em defesa de Bolsonaro, ressaltando sua importância como líder da direita e buscando apaziguar os ânimos ao falar em união. "Bolsonaro é nossa maior liderança política, é quem deu voz ao sentimento do brasileiro e, apesar das crises que enfrentou, deixou um legado calcado em medidas estruturantes", afirmou Tarcísio em postagem nas redes sociais.
Saia justa em Mato Grosso do Sul e impacto nas alianças locais
Em Mato Grosso do Sul, Bolsonaro também enfrenta desafios em relação às suas alianças. Em 2022, ele havia firmado um acordo com a então ministra da Agricultura, Tereza Cristina (PP), para apoiar Eduardo Riedel (PSDB) na disputa pelo governo do Estado. No entanto, durante a campanha, o ex-presidente manifestou apoio ao adversário Capitão Contar (PRTB), em um episódio que já havia causado desconforto entre seus aliados.
Nas eleições municipais de 2024, uma nova situação delicada se apresentou em Campo Grande. Bolsonaro decidiu apoiar o tucano Beto Pereira (PSDB) em vez de Adriane Lopes (PP), que avançou ao segundo turno com o respaldo de Tereza Cristina. O ex-presidente chegou a prometer que visitaria a capital sul-mato-grossense em setembro para reforçar o apoio a Beto Pereira, mas não compareceu, gerando insatisfação entre alguns aliados locais.
Apesar da frustração inicial, Tereza Cristina demonstrou disposição em seguir adiante, afirmando: "Ficou triste no início, mas política se faz olhando para frente. Agora eu tenho certeza que o presidente Bolsonaro vai apoiar a nossa candidata lá, e aí a gente vira essa página", comentou o ex-ministro Ciro Nogueira, atual presidente do PP.
Aliados avaliam que erros estratégicos afetaram desempenho de Bolsonaro
As críticas de Malafaia e outros aliados se somam a uma avaliação de que Bolsonaro errou ao ceder à pressão de líderes do Partido Liberal (PL), que priorizavam interesses pessoais em detrimento de uma estratégia unificada para o avanço da direita nas eleições. Rogério Marinho (PL-RN), secretário-geral do partido, foi apontado como um dos principais articuladores dessas decisões que, segundo críticos, prejudicaram a atuação de Bolsonaro em várias disputas municipais, como em São Paulo e Paraná.
O PL, partido de Bolsonaro, não alcançou a meta de conquistar mil prefeituras, mas obteve 510 municípios, tornando-se a quinta maior força eleitoral do Brasil. No entanto, muitos aliados acreditam que o ex-presidente poderia ter tido um desempenho ainda melhor se tivesse seguido conselhos mais estratégicos e menos preocupados com as redes sociais.
Fragmentação da direita e desafios para 2024
Mesmo diante das críticas e divergências, Bolsonaro ainda é considerado por muitos de seus aliados como a principal liderança da direita no Brasil. A fragmentação do campo conservador, especialmente visível nas eleições municipais, mostra que novos nomes estão emergindo, mas ainda há um forte apoio a Bolsonaro em grandes centros urbanos. A vantagem de candidatos apoiados por ele em cidades de destaque em relação a nomes ligados ao presidente Lula (PT) é apontada como um indicador positivo por seus apoiadores.
No entanto, a necessidade de maior unidade e coesão nas estratégias do grupo bolsonarista tem sido uma preocupação constante. A expectativa é que, após o término do segundo turno das eleições municipais, o ex-presidente e seus aliados busquem uma reaproximação para fortalecer a direita em 2026.
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