Campo Grande (MS), Sexta-feira, 12 de Dezembro de 2025

Cidades / Transporte Público

Greve do Consórcio Guaicurus pode parar ônibus em Campo Grande a partir de segunda-feira

Atraso salarial, temor de não pagamento do 13º e impasse entre empresa, sindicato e Prefeitura elevam tensão no transporte coletivo

12/12/2025

07:30

DA REDAÇÃO

©ARQUIVO

A possível greve dos motoristas do Consórcio Guaicurus, prevista para a próxima segunda-feira (15), tem gerado preocupação entre usuários do transporte público, autoridades e vereadores de Campo Grande. A paralisação está relacionada ao atraso no pagamento de salários, que já completa uma semana, e ao temor de que 13º salário e adiantamento salarial, previstos para dezembro, também não sejam quitados.

Na madrugada desta quinta-feira (11), motoristas do consórcio realizaram uma reunião para deliberar sobre o início da greve. Apesar de operar sob um contrato bilionário, a empresa alega falta de recursos para honrar os compromissos trabalhistas.

Prazos legais para a greve

O secretário-executivo do STTCU-CG (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande), Santino Cândido, explicou que a paralisação não poderia ocorrer imediatamente por questões legais.

“O rito é de 72 horas”, afirmou.

Segundo o sindicato, a assembleia deve ser convocada em até 48 horas após a publicação do edital, e, caso a greve seja aprovada, o movimento só pode começar 72 horas depois, conforme determina a legislação trabalhista. Por se tratar de serviço essencial, a Justiça pode determinar a manutenção de 30% da frota em circulação.

Impasse nas negociações

Sindicalistas e representantes do Consórcio Guaicurus se reuniram na tarde de segunda-feira (8) para discutir a situação. Os trabalhadores, no entanto, relatam falta de sinalização positiva da empresa quanto ao pagamento dos valores em atraso.

O presidente do STTCU-CG, Demétrio Freitas, disse ainda ter esperança de que os salários sejam quitados, mas reconheceu que a postura da empresa durante a reunião foi desfavorável.

Áudios expõem descrédito dos trabalhadores

Áudios que circulam em grupos de WhatsApp da categoria, obtidos pela reportagem, revelam o descrédito de motoristas em relação às negociações. Em uma das mensagens, um trabalhador afirma:

“Eles querem enrolar a gente para trabalharmos de graça mais essa semana. Já está combinado. Essa semana inteira a gente não vai ter pagamento”.

Em resposta, um suposto representante do sindicato reforça que os prazos são necessários para garantir a legalidade da greve, evitando punições judiciais ao movimento.

Histórico de conflitos e denúncias

Denúncia publicada pelo Jornal Midiamax aponta que a paralisação ocorrida em outubro deste ano teria sido fruto de um conluio entre sindicato e empresários, com o objetivo de pressionar o Poder Público por mais repasses financeiros. À época, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) chegou a abrir investigação para apurar uma suposta prática de locaute — quando a empresa paralisa atividades para pressionar autoridades ou trabalhadores.

Motivos alegados pelo Consórcio

Desde que assumiu o serviço, o Consórcio Guaicurus já faturou mais de R$ 1,8 bilhão, mas segue sendo alvo de reclamações diárias sobre atrasos, superlotação e condições precárias da frota.

Mesmo assim, a empresa atribui a crise financeira à inadimplência de repasses do Poder Público, recorrendo com frequência à Justiça para exigir mais recursos. Além dos subsídios públicos, o sistema também arrecada com tarifas pagas pelos usuários e publicidade nos ônibus.

Em nota, o consórcio classifica a situação como crítica e afirma que a falta de regularização dos débitos pode levar à interrupção dos serviços, como ocorreu em 22 de outubro, quando motoristas cruzaram os braços por cerca de duas horas, alegando atraso no vale salarial.

Pedido de intervenção

Diante da sucessão de crises, já foi protocolado um pedido de intervenção no transporte coletivo, apresentado à Prefeitura de Campo Grande, além de uma mobilização popular por meio de abaixo-assinado. O objetivo é que seja designado um agente interventor para avaliar a operação e corrigir indícios de ingerência, negligência e má gestão no comando do Consórcio Guaicurus.

Enquanto isso, a população segue apreensiva com a possibilidade de paralisação dos ônibus, que pode afetar diretamente milhares de usuários que dependem do transporte público para trabalhar, estudar e acessar serviços essenciais.


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