Política / Justiça
Governo de MS retira insumos da disputa da PPP do Hospital Regional e justifica medida para evitar lucro da concessionária
Parcela C, alvo de denúncia no TCE/MS, representa a compra de OPME e materiais médicos e segue sob investigação
08/12/2025
13:45
DA REDAÇÃO
Desenho que o Hospital Regional deverá ter com investimento privado na gestão, por meio de uma PPP
O Governo de Mato Grosso do Sul afirmou que a exclusão da chamada Parcela C dos critérios de julgamento da licitação da PPP do Hospital Regional teve como objetivo impedir que a futura concessionária obtenha lucro sobre a venda de insumos hospitalares. A explicação foi apresentada pela Comissão Especial de Licitação em resposta aos questionamentos levantados durante o certame e integra a análise da denúncia apresentada ao TCE/MS.
A Parcela C, foco da apuração, corresponde à aquisição e ao fornecimento de OPME e materiais médico-hospitalares (Matmed). Segundo o Estado, essa parcela foi deliberadamente retirada da disputa de preços, não integrando o cálculo da proposta mais vantajosa.
De acordo com a Comissão de Licitação, a empresa vencedora da PPP será remunerada apenas pelo valor real gasto na compra dos insumos, e não por um preço previamente fixado em contrato.
Na prática:
O Estado paga apenas o custo real de mercado dos materiais
A concessionária não pode aplicar margem de lucro sobre os insumos
A remuneração da empresa se limita à gestão, logística e controle do fornecimento
O edital também estabeleceu mecanismos adicionais de controle. Conforme as regras:
Todos os descontos comerciais obtidos pela concessionária devem ser repassados ao Estado
Créditos tributários de PIS e Cofins também devem ser integralmente transferidos ao poder público
Segundo a justificativa oficial, o desenho contratual transfere à empresa o risco operacional da gestão de estoque e logística, enquanto o risco financeiro permanece sob fiscalização rigorosa do Estado.
Apesar da defesa apresentada pelo Governo, a denúncia admitida pelo TCE/MS aponta que a exclusão da Parcela C pode retirar da disputa justamente um dos pontos mais sensíveis do contrato: a eficiência na compra de insumos hospitalares.
O entendimento dos denunciantes é de que:
A volatilidade dos preços de OPME e Matmed
Aliada a um contrato com duração de 30 anos
Pode resultar em custos muito superiores ao previsto originalmente
A proposta vencedora da licitação, segundo os autos, é de R$ 15,9 milhões, mas o receio é de que, ao longo das décadas de contrato, os gastos com insumos ultrapassem consideravelmente esse valor.
A apuração sobre a Parcela C foi admitida formalmente pelo conselheiro-presidente do TCE/MS, Flávio Kayatt, e está sob relatoria do conselheiro Sérgio de Paula.
O resultado da investigação poderá:
Manter o modelo atual
Determinar correções no edital
Ou até mesmo suspender a licitação da PPP do Hospital Regional
Até o momento, não há confirmação oficial de que o Governo do Estado tenha sido notificado formalmente.
Procurada, a Secretaria de Estado de Saúde informou que qualquer manifestação do Governo ocorrerá exclusivamente dentro do processo em tramitação no TCE/MS, que corre em sigilo.
A investigação tem elevado peso institucional porque:
Envolve a maior unidade hospitalar pública do Estado
Trata de um contrato de longo prazo
Move recursos expressivos nas áreas de:
Saúde pública
Gestão hospitalar
Compras governamentais
Parcerias público-privadas
O desfecho do caso poderá estabelecer precedente para futuros contratos de PPP na área da saúde em Mato Grosso do Sul.
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