Política Nacional
Planalto avalia que candidatura de Flávio Bolsonaro favorece Lula em 2026
Anúncio feito pelo senador como escolhido do pai amplia racha na direita e muda cálculos do governo
08/12/2025
08:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A confirmação de que o senador Flávio Bolsonaro será o candidato do Partido Liberal à Presidência da República em 2026, anunciada na última sexta-feira (5), provocou reação imediata no Palácio do Planalto. Interlocutores do governo avaliam que a escolha favorece o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e torna o cenário eleitoral mais confortável para uma tentativa de reeleição.
Nos bastidores, auxiliares do Executivo apontam que Flávio aparece hoje atrás de Lula em todos os cenários de pesquisa e enfrenta maior resistência para atrair o eleitorado moderado e o Centrão, sobretudo por carregar a rejeição natural ao clã Bolsonaro. A leitura no Planalto é de que a disputa seria mais imprevisível caso o adversário fosse o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, visto por empresários e pelo mercado como um nome capaz de unificar a direita — hipótese descartada com a decisão de Tarcísio de tentar a reeleição ao Palácio dos Bandeirantes.
Outro fator considerado pelo governo é a fragilidade política do ex-presidente Jair Bolsonaro, que cumpriu pena na Polícia Federal. No Planalto, há a avaliação de que, diante das articulações políticas até a definição oficial das candidaturas, Bolsonaro ainda pode rever a escolha do filho, dependendo do arranjo de alianças.
A sucessão presidencial ocorre em meio a um cenário de divisões públicas dentro do bolsonarismo. O estopim mais recente foi a crítica da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro à aproximação do diretório do PL no Ceará com Ciro Gomes, durante evento partidário em Fortaleza.
A manifestação contrariou o deputado André Fernandes, que havia anunciado o apoio ao ex-governador cearense com aval de Jair Bolsonaro. A repercussão gerou reação imediata dos filhos do ex-presidente: além de Flávio, também Carlos Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro e Jair Renan Bolsonaro se posicionaram, aprofundando as tensões internas.
A oficialização da candidatura de Flávio também escancarou o conflito entre a ala bolsonarista raiz e setores mais moderados da direita. Enquanto grupos fiéis ao ex-presidente celebraram a escolha nas redes sociais, aliados de Tarcísio classificaram a decisão como um movimento de autossabotagem eleitoral.
Em mensagem publicada nas redes sociais, Flávio afirmou ter recebido a candidatura como uma “missão” e classificou o pai como “a maior liderança política e moral do Brasil”.
“Confirmo a decisão de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação”, escreveu o senador. Ele também declarou que não ficará “de braços cruzados” diante do que chama de ameaça à democracia e afirmou confiar que “Deus abre portas e guia cada passo dessa jornada”.
Segundo aliados, Jair Bolsonaro acredita que o filho ganhará musculatura política à medida que intensificar viagens pelo país e assumir postura mais ativa como pré-candidato. O ex-presidente avalia ainda que Flávio pode contar com palanques importantes, como o do próprio Tarcísio e do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro.
No entorno da família, Flávio também é visto como o nome de perfil mais previsível para dialogar com o setor econômico, por adotar postura considerada mais moderada que a dos irmãos.
No atual rearranjo, a tendência é que Michelle Bolsonaro dispute uma vaga ao Senado pelo Distrito Federal, enquanto a composição da vice-presidência ficaria a cargo de um partido de centro, numa tentativa de ampliar o arco de alianças.
Para o Planalto, no entanto, a equação permanece clara: com Flávio no centro da disputa, a avaliação interna é de que Lula entra na corrida de 2026 com vantagem estratégica, especialmente diante do cenário fragmentado da oposição.
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