Política / Justiça
Julgamento de Bolsonaro no STF entra em semana decisiva
Primeira Turma começa a votar nesta terça-feira; PGR aponta ex-presidente como líder de trama golpista
08/09/2025
07:15
DA REDAÇÃO
©ARQUIVO
O Supremo Tribunal Federal (STF) entra nesta semana na fase decisiva do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete réus acusados de participação em uma tentativa de golpe de Estado. A análise ocorre na Primeira Turma da Corte, após relatório do ministro Alexandre de Moraes, manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) e sustentações orais das defesas.
O relator, Moraes, abre a votação às 9h desta terça-feira (9/9), com previsão de dedicar cerca de quatro horas ao seu voto, no qual detalhará as condutas de cada réu e poderá indicar penas ou absolvições. Em seguida, será a vez do ministro Flávio Dino, que deve ocupar parte da tarde com a leitura de seu voto.
De acordo com a denúncia da PGR, Bolsonaro e aliados são acusados de:
Organização criminosa armada;
Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
Golpe de Estado;
Dano qualificado contra patrimônio da União (com exceção de Alexandre Ramagem);
Deterioração de patrimônio tombado (também excluído para Ramagem).
O deputado federal Alexandre Ramagem (PL) responde a três crimes, após exclusão parcial de acusações pela Câmara dos Deputados.
Jair Bolsonaro: apontado pela PGR como líder da trama.
Walter Braga Netto: único réu preso, acusado de financiar acampamentos golpistas e planejar atentado contra Moraes.
Anderson Torres: ex-ministro da Justiça, acusado de elaborar minuta golpista.
Paulo Sérgio Nogueira: ex-ministro da Defesa, teria apresentado decreto de exceção aos comandantes militares.
Augusto Heleno: ex-ministro do GSI, teria propagado desinformação sobre urnas eletrônicas.
Almir Garnier: ex-comandante da Marinha, acusado de oferecer tropas para o golpe.
Mauro Cid: ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator do caso, envolvido em reuniões e mensagens sobre a trama.
Alexandre Ramagem: ex-diretor da Abin, acusado de disseminar notícias falsas sobre fraude eleitoral.
As defesas contestaram a credibilidade do delator Mauro Cid, acusado de contradições e omissões. O advogado de Braga Netto afirmou que seu cliente está preso apenas com base em relatos inconsistentes. Já os defensores de Bolsonaro alegaram que não há provas que o vinculem diretamente aos atos de 8 de janeiro, chamando de “mentira” a delação.
Advogados de outros réus também atacaram o papel de Moraes como relator, apontando suposta falta de imparcialidade, enquanto a defesa de Cid pediu a manutenção dos benefícios da colaboração premiada.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, reiterou o pedido de condenação de todos os réus. Segundo ele, Bolsonaro não buscou apenas diálogo institucional com militares, mas sim a execução de um golpe:
“Quando o presidente da República e o ministro da Defesa se reúnem com comandantes militares para consultar sobre a fase final do golpe, ele já está em curso de realização”, afirmou Gonet.
O procurador classificou o episódio como consumação de uma ruptura democrática, motivada pelo inconformismo de Bolsonaro em perder as eleições de 2022.
Após Moraes e Dino, o ministro Luiz Fux deve votar na quarta-feira (10/9), com tendência a divergir do relator em alguns pontos. Cármen Lúcia e Cristiano Zanin concluem a rodada, com expectativa de encerramento até sexta-feira (12/9), quando será definida a dosimetria das penas.
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