Campo Grande (MS), Sábado, 26 de Julho de 2025

Política Internacional

The Economist classifica tarifa de Trump como “chocante agressão” ao Brasil e compara interferência à Guerra Fria

Revista britânica vê retaliação à cúpula do Brics, destaca fortalecimento de Lula e alerta para impacto político e econômico da medida

25/07/2025

13:00

DA REDAÇÃO

©REPRODUÇÃO

A revista britânica The Economist classificou como uma “chocante agressão” as medidas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil — incluindo a tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras e a suspensão dos vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo a publicação, trata-se de uma das maiores interferências dos EUA na América Latina desde a Guerra Fria.

“Raramente desde o fim da Guerra Fria os Estados Unidos interferiram tão profundamente em um país latino-americano”, afirma a reportagem, publicada na quinta-feira (24) sob o título “A chocante agressão de Trump ao Brasil”.

Brics como gatilho e confronto ideológico

A revista atribui o estopim das medidas à cúpula do Brics realizada nos dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro, evento que teria incomodado a Casa Branca pela articulação entre potências emergentes. A matéria também destaca o antagonismo ideológico entre Donald Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mencionando críticas dos aliados do republicano às ações do ministro Alexandre de Moraes contra desinformação nas redes sociais.

Efeito colateral: apoio a Lula e isolamento de Bolsonaro

Contrariando expectativas da direita, The Economist observa que a ofensiva de Trump pode estar fortalecendo politicamente Lula, inclusive entre setores tradicionalmente mais refratários ao petista.

“Brasileiros de todos os tipos estão apoiando Lula”, diz o texto. “O índice de aprovação, que vinha caindo, melhorou. Ele agora lidera o grupo de potenciais candidatos para a corrida eleitoral do ano que vem.”

A reportagem também aponta que o Congresso brasileiro, majoritariamente conservador, começou a se alinhar a Lula diante da crise, discutindo inclusive a possibilidade de tarifas retaliatórias contra os EUA.

Além disso, as sanções comerciais de Trump devem afetar principalmente regiões e setores tradicionalmente bolsonaristas, como o agronegócio — com destaque para os impactos nas exportações de carne, café e suco de laranja.

“É revelador que a confederação de agricultores do Brasil, geralmente leal a Bolsonaro, tenha condenado a ‘natureza política’ das tarifas”, observa a revista. “Até mesmo Bolsonaro tentou se distanciar, dizendo que ‘as tarifas não têm nada a ver conosco’.”

Pix, mercado financeiro e interesse comercial

The Economist também criticou os EUA por atacarem o sistema de pagamentos instantâneos Pix, destacando que a plataforma fomentou concorrência e inovação no setor bancário brasileiro, afetando diretamente empresas americanas como Visa e Mastercard.

Apesar de reconhecer que o Brasil adota práticas protecionistas, a publicação britânica afirma que o verdadeiro motivo da retaliação americana seria político, e não comercial.

“O governo brasileiro tenta contatar a Casa Branca desde maio para negociar um acordo comercial, mas seus apelos têm sido ignorados”, conclui a revista.


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