Política / Relações Internacionais
Bolsonaristas admitem desgaste com tarifa de Trump e tentam blindar ex-presidente da crise
Grupo busca associar retaliação à diplomacia de Lula e se distancia de articulação de Eduardo com ultraconservadores dos EUA
10/07/2025
22:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reconheceram, ainda que reservadamente, o desgaste político causado pela decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de elevar para 50% as tarifas sobre produtos importados do Brasil. A medida, anunciada na quarta-feira (9), foi acompanhada de uma carta assinada por Trump, que citou diretamente Bolsonaro e criticou decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), alimentando o discurso bolsonarista de perseguição judicial.
Nos bastidores, integrantes do PL e parlamentares da direita admitem que, por enquanto, o governo Lula tem conseguido emplacar a narrativa de que a medida fere a soberania nacional, e que os bolsonaristas, ao articularem apoio internacional para pressionar o Judiciário, acabaram expondo o Brasil a represálias comerciais.
Diante da repercussão negativa, os bolsonaristas iniciaram uma ofensiva para blindar Bolsonaro da responsabilidade direta pela crise, tentando afastá-lo da articulação conduzida por Eduardo Bolsonaro (PL-SP) com autoridades ultraconservadoras norte-americanas.
Sem comentar diretamente o tarifaço, Jair Bolsonaro optou por reforçar o discurso de perseguição, publicando nas redes sociais:
“Quando os justos governam, o povo se alegra. Mas quando os perversos estão no poder, o povo geme.”
Recluso devido a um problema de saúde, o ex-presidente tem evitado se expor, enquanto seus aliados atuam para desviar a culpa das sanções, associando a decisão de Trump a declarações recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a cúpula dos Brics, no Rio de Janeiro. Na ocasião, Lula defendeu a criação de uma nova moeda internacional, o que foi interpretado por bolsonaristas como um gesto provocativo à hegemonia do dólar.
Nas redes sociais e nos discursos no Congresso, a expressão “a culpa é do Lula” passou a ser repetida por parlamentares da direita como tentativa de deslocar o foco da articulação bolsonarista e reverter a narrativa a seu favor. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), seguiu a mesma linha, lamentando a medida, mas sugerindo que ela seria fruto do isolamento diplomático do Brasil sob o atual governo.
Apesar de enxergarem como uma “vitória ideológica” o apoio explícito de Trump ao discurso de perseguição judicial, os bolsonaristas adotaram cautela. Evitaram comemorações públicas e se mostraram incomodados com o impacto direto da medida na economia brasileira, especialmente entre exportadores e industriais que, em tese, compõem parte da base de apoio da direita.
A tentativa de apresentar a sobretaxa como um ato “comercial, e não político” também faz parte da estratégia de distanciar Eduardo Bolsonaro da decisão e minimizar o desgaste do nome da família, já visivelmente ligado à crise tarifária. Internamente, há o receio de que a associação direta entre Eduardo e o tarifaço alimente críticas da esquerda e desgaste o bolsonarismo entre setores nacionalistas.
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