Campo Grande (MS), Quarta-feira, 09 de Julho de 2025

Educação / Comportamento Digital

Limitar o uso do celular não basta: como proteger crianças do emburrecimento digital da Geração TikTok

Especialistas alertam para impactos cognitivos e emocionais do consumo excessivo de vídeos curtos em jovens; China adota modelo educativo em sua versão do app

09/07/2025

07:30

DA REDAÇÃO

©REPRODUÇÃO

A popularização do TikTok redefiniu a forma como crianças e adolescentes interagem com o conteúdo digital. A lógica do feed infinito baseado em interesses, criada pela plataforma chinesa e hoje replicada por outras redes, provocou uma epidemia de atenção fragmentada. O fenômeno não atinge apenas os adultos: milhões de crianças estão crescendo imersas em estímulos curtos, repetitivos e altamente viciantes.

Com mais de 1,6 bilhão de usuários ativos no mundo, o TikTok é símbolo de uma nova era de consumo digital que prioriza dopamina instantânea e superficialidade. No entanto, para os especialistas em neurodesenvolvimento infantil, os danos podem ser profundos e duradouros, principalmente entre os mais jovens.

A diferença entre o TikTok da China e o do resto do mundo

Na China, a versão do TikTok (chamada Douyin) é radicalmente diferente da disponível globalmente. Enquanto fora do país a plataforma estimula conteúdos de apelo visual, dança, ostentação e memes, na China o algoritmo promove vídeos educacionais, com foco em ciência, matemática, história, carreira e valores morais.

Além disso, o uso é limitado a 40 minutos por dia para menores de 14 anos, com bloqueio automático durante a noite. Professores e cientistas são tratados como influenciadores, e conteúdos vazios ou sexualizados são desmonetizados e excluídos.

“A China parece usar o TikTok como uma ferramenta de estímulo cognitivo interno, enquanto exporta ao mundo um produto que vicia e emburrece”, alertam estudiosos das redes sociais.

Proibir o celular não basta: o que realmente funciona?

Especialistas defendem que limitar o tempo de tela é só o primeiro passo. Mais importante que restringir o uso, é oferecer estímulos positivos e desenvolver competências que o ambiente digital enfraquece:

  • Adiar ao máximo o contato com redes sociais, especialmente antes dos 14 anos

  • Estabelecer regras familiares claras, como não usar celular durante refeições

  • Estimular leitura, jogos de tabuleiro e atividades offline

  • Elogiar a concentração, não apenas o resultado (“Parabéns por ter ficado focado”)

  • Ensinar pelo exemplo: pais também devem reduzir o tempo de tela e priorizar hábitos mais saudáveis

O papel do tédio e da profundidade

Um dos maiores desafios da Geração TikTok é a dificuldade de lidar com o tédio. A ausência de estímulo constante, que sempre foi essencial para o desenvolvimento da criatividade e da concentração, hoje é vista como intolerável por muitos jovens.

“Ensinar uma criança a gostar de profundidade é como ensinar um paladar a apreciar sabores complexos. Leva tempo, mas é possível”, destacam educadores.

Leitura em voz alta, conversas livres de telas e momentos de ócio criativo ajudam a criar mentes menos aceleradas e mais capazes de pensar criticamente.

Um novo desafio para os pais

Os pais de hoje enfrentam um desafio sem precedentes: proteger os filhos de um emburrecimento coletivo digitalizado. Em vez de apenas combater o vício em telas, é necessário cultivar habilidades que as redes sociais tendem a atrofiar: foco, paciência, autocontrole e reflexão.

O futuro das novas gerações dependerá, em grande parte, das decisões feitas agora dentro das casas. Limitar o acesso ao celular é necessário, mas insuficiente. É preciso formar crianças que saibam pensar além dos 15 segundos de um vídeo viral.


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