Política / Justiça
Bolsonaro se defende no STF e diz que Mauro Cid “poderia ter dito não” a ideias golpistas
Ex-presidente afirma que nunca incentivou ruptura e minimiza papel de ex-ajudante de ordens, que prestou depoimento nesta segunda-feira
09/06/2025
17:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Durante o intervalo da sessão no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (9), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que o tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, poderia ter recusado conversas ou propostas de ruptura institucional, destacando que Cid "não teve vida pregressa no Legislativo", o que, segundo ele, permitiria maior liberdade para dizer “não”.
“Vocês viram. Só tem um colaborador. Só um. Eu nunca disse não para alguém que me procurou. Como ele não teve essa vida pregressa legislativa, podia dizer não”, declarou Bolsonaro a jornalistas no STF.
A fala ocorreu durante o primeiro dia de interrogatórios dos réus do núcleo central da suposta trama golpista de 2022, conduzidos pela Primeira Turma do Supremo. O primeiro a depor foi justamente Mauro Cid, que fechou acordo de delação premiada com a Polícia Federal e se tornou peça-chave nas investigações da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Foi a primeira vez que Bolsonaro reencontrou Cid desde o início da colaboração. Questionado sobre já ter chamado o tenente-coronel de "filho", o ex-presidente respondeu:
“Falei filho porque o pai dele é da minha turma de artilharia. Sem problemas com ele. Não quero entrar em detalhes aqui.”
Durante seu depoimento, Cid reafirmou que Bolsonaro recebeu, leu e fez alterações em uma minuta de decreto com teor golpista, que previa a prisão de ministros do STF e políticos do Congresso, além da criação de um conselho para organizar novas eleições.
“Ele enxugou o documento, retirando as autoridades das prisões. Só o senhor [ministro Moraes] ficaria preso”, disse Cid, dirigindo-se ao relator do caso.
Moraes reagiu com ironia:
“Os outros receberam um habeas corpus”, brincou o ministro. Bolsonaro riu da observação no plenário.
Cid também explicou que muitas mensagens enviadas a ele por militares não representavam planos reais, mas sim desabafos.
“Conhecendo as pessoas, dava para entender que era só reclamação em grupos de WhatsApp. Isso que eu chamo de bravata.”
Ele ainda afirmou que sua função de ajudante de ordens o colocava como um “escudo” que filtrava o que chegava até Bolsonaro.
Os demais réus da ação penal do núcleo central da tentativa de golpe de Estado serão ouvidos em ordem alfabética:
Alexandre Ramagem (deputado e ex-diretor da Abin)
Almir Garnier (ex-comandante da Marinha)
Anderson Torres (ex-ministro da Justiça)
Augusto Heleno (ex-ministro do GSI)
Jair Bolsonaro
Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)
Walter Braga Netto (ex-ministro da Defesa e ex-vice de Bolsonaro)
As audiências seguem até sexta-feira (13) e são transmitidas ao vivo pela TV Justiça.
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