Comunicação / Memória
“Minha motivação é o rádio”: Arthur Mário celebra cinco décadas de dedicação ao jornalismo sul-mato-grossense
Aos 65 anos, apresentador da Rádio Hora relembra coberturas históricas, gestão esportiva e defende o rádio como meio de maior credibilidade no Brasil
26/05/2025
08:00
DA REDAÇÃO
©REDES SOCIAIS
A voz grave, a dicção impecável e o olhar firme revelam um profissional que fez do rádio uma missão de vida. Arthur Mário Medeiros Ramalho, hoje com 65 anos, é mais do que um comunicador veterano: é um símbolo do jornalismo radiofônico em Mato Grosso do Sul, somando quase cinco décadas de atuação ininterrupta.
Nascido em Nova Andradina, Arthur chegou a Campo Grande em 1976, quando a cidade ainda fazia parte do então Mato Grosso unificado. Morador de bairros como Taquarussu, Santa Fé e Carandá Bosque, ele começou aos 16 anos na Rádio Cultura, fazendo de tudo: suporte à equipe esportiva, comercial, redação. Seu amor pela comunicação nasceu ali — e nunca mais parou.
Na década de 1980, iniciou as primeiras transmissões esportivas como repórter e, logo depois, como narrador. Daquelas experiências, construiu uma carreira sólida que o levaria a duas Copas do Mundo — 1990 na Itália e 1994 nos EUA, além de três edições da Copa América (Chile, 1991; Equador, 1993; Uruguai, 1995) e os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. Sempre pelo rádio.
“O que mais me marcou foi ver como o mundo trata o futebol de forma simples e eficaz, enquanto aqui tudo é burocracia e corrupção”, critica.
Nos anos 1990, trocou momentaneamente o microfone pela gestão esportiva. Presidiu o Comercial-MS de 1996 a 1997, priorizando categorias de base — o que rendeu frutos como o título estadual de 2000, com atletas formados na várzea. Também tentou presidir a Federação de Futebol de MS em 1998, mas sua chapa foi retirada da disputa.
“Foi um processo sujo. Montaram um esquema pra impedir a concorrência”, denuncia sobre a eleição vencida por Francisco Cezário, que se manteve no poder por 26 anos.
Atualmente, Arthur é apresentador e diretor da Rádio Hora 92.3 FM, onde comanda o principal jornal matinal. Apesar das adversidades de saúde — enfrenta um câncer (mieloma múltiplo), faz quimioterapia e hemodiálise — não abre mão da sua rotina no estúdio.
“O rádio não é mais entretenimento. É serviço, é informação. E eu sempre levei isso muito a sério."
Para Arthur, o rádio segue sendo o veículo de maior credibilidade no Brasil:
“O povo acredita no rádio em primeiro lugar. Ele tem um valor incomensurável. Estou num horário nobre, falando pra multidões, com uma responsabilidade enorme: primeiro informar, depois prestar serviço. A opinião vem por último.”
Entre as críticas mais contundentes, Arthur lamenta o abandono do Estádio Pedro Pedrossian (Morenão), sem uso para o futebol profissional desde 2022. Ele relembra que a construção do estádio foi bancada pelo antigo Governo de Mato Grosso, antes da criação da UFMS.
“A União nunca investiu um centavo. A Universidade não tem direito de exigir nada. O Morenão precisa voltar ao povo.”
Em uma carreira marcada por dedicação, ética e compromisso com a informação, Arthur Mário representa uma era do rádio que resiste ao tempo com seriedade e paixão.
Seja nas transmissões esportivas, na apresentação jornalística, ou na crítica política e cultural, sua voz segue firme, guiando gerações que ainda confiam no rádio como fonte de verdade.
“Minha motivação é o rádio. Sempre foi.”
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