Política Nacional
Resistência de Bolsonaro a Tarcísio preocupa centro-direita e amplia incertezas sobre sucessão em 2026
Ex-presidente sinaliza preferência por nomes do clã Bolsonaro e irrita aliados que defendem candidatura mais ampla da direita
18/05/2025
10:00
NAOM
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A sucessão presidencial de 2026 entrou em nova fase de incertezas com a resistência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em apoiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como eventual candidato da direita ao Palácio do Planalto. A posição de Bolsonaro tem causado preocupação em partidos do centro e líderes do próprio campo bolsonarista, que veem no governador paulista um nome viável para a disputa.
Conforme relatos de interlocutores próximos aos dois lados, aliados do ex-presidente têm intensificado críticas a Tarcísio, alimentando um clima de desconfiança. Bolsonaro, por sua vez, teria se queixado da suposta falta de solidariedade de seu ex-ministro da Infraestrutura, especialmente em relação aos processos que enfrenta no Supremo Tribunal Federal (STF). A relação de Tarcísio com ministros da Corte também não teria trazido, na visão de Bolsonaro, benefícios concretos para seu grupo político.
Com isso, cresce a possibilidade de Bolsonaro optar por alguém de sua família como candidato. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atualmente nos EUA, são apontados como alternativas mais prováveis — embora ambos despertem resistência até mesmo dentro do próprio campo conservador.
Em entrevistas recentes, Bolsonaro tem reiterado que pretende registrar sua candidatura, mesmo estando inelegível. O ex-presidente insiste que manter seu nome no páreo fortalece sua narrativa de perseguição política e ajuda a conservar capital eleitoral.
Enquanto isso, Tarcísio tem reiterado publicamente que não será candidato à presidência, afirmando que deseja disputar a reeleição ao governo de São Paulo. O governador também se recusa a participar de eventos em outros estados, como forma de não alimentar especulações e manter a lealdade a Bolsonaro.
Seus aliados lembram que ele aceitou ser testemunha de defesa nos processos do 8 de Janeiro e que atua em articulações no Congresso para apoiar o projeto de anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos. Ainda assim, a ala mais próxima de Bolsonaro segue resistente ao nome de Tarcísio, sob o argumento de que ele mantém agenda própria.
A indefinição começa a gerar ruído entre partidos do centrão e da centro-direita. Lideranças de siglas como PP, PSD e Republicanos alertam que uma insistência em nomes do clã Bolsonaro pode provocar fissuras e até abandono da base bolsonarista. Alguns dirigentes já mencionam a possibilidade de apoiar Lula, caso o nome indicado para a sucessão não tenha apelo ou capacidade de aglutinação.
“Uma candidatura com apoio de Bolsonaro, mas com alto índice de rejeição no restante do espectro político, tende a encontrar obstáculos intransponíveis”, diz um interlocutor de centro.
A preocupação também recai sobre o tempo exíguo para organização das chapas estaduais, caso Bolsonaro insista em ser candidato até o último momento — estratégia que encurta prazos e compromete articulações regionais.
O impasse aumenta a tensão nos bastidores, com todos os olhares voltados para a definição do ex-presidente. A direita avalia que qualquer candidatura viável em 2026 dependerá do seu apoio. No entanto, a escolha precipitada de um nome que não una a base política pode comprometer a competitividade do campo conservador.
Em entrevista recente, Bolsonaro cobrou maior protagonismo de governadores aliados na defesa de sua inelegibilidade, sugerindo que a classe política precisa se posicionar com mais firmeza.
“Gostaria, não posso obrigar, que os governadores falassem: ‘Bolsonaro está inelegível por quê?’ Essas acusações valem?”, questionou, em tom de cobrança.
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