POLÍTICA
Bolsonaro vai deixar 146 obras paradas com investimento de R$ 328 milhões para Lula em MS
02/12/2022
08:15
O JACARÉ
EDIVALDO BITENCOURT
Revitalização da Ernesto Geisel está abanaonada e com via tomada pelo lixo (Foto: O Jacaré)
O presidente Jair Bolsonaro (PL) vai deixar um canteiro de 146 obras paradas em Mato Grosso do Sul para o sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo relatório do Tribunal de Contas da União. O total investido nos projetos suspensos soma R$ 328,15 milhões. A maior parte, 48, é de empreendimentos na área da educação, como escolas, creches e universidades.
De acordo com o TCU, o Governo federal conta com 497 obras no Estado, com investimento total de R$ 2,2 bilhões. Um terço das obras estão paralisadas por falta de atraso no repasse federal, mas também por problemas nos contratos e nos gestores.
Das 146 obras paradas, 48 (32%) são da área da educação, 20 de infraestrutura urbana (13,6%), 13 de esportes (8,9%), 12 da saúde (8,2%), 9 do DNIT (6,16%), 7 do turismo, 4 da agricultura e uma de saneamento.
Uma das obras listadas pela corte é o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do Bálsamo, com investimento de R$ 31 milhões em Campo Grande. O projeto começou na gestão de Nelsinho Trad (PSD) e segue inacabada após os mandatos de Alcides Bernal (PP), Gilmar Olarte (sem partido), Marquinhos Trad (PSD) e Adriane Lopes (Patri).
O projeto prevê urbanização de fundo de vale e a construção de uma avenida entre o anel viário e o Bairro Roselândia. De acordo com o TCU, apenas 45% da obra está concluída. Dez anos após o início ainda falta mais da metade do projeto para ser executado.
Não é a única obra milionária parada na Capital. Outro exemplo são os corredores do transporte coletivo, que preveem investimento de R$ 120 milhões. A obra das avenidas Marechal Deodoro, Günter Hans e Bandeirantes está parada desde o final do ano passado. A empresa responsável pela obra até retirou os maquinários e os motoristas convivem com os pontos de ônibus inacabados no meio das avenidas. Acidentes viraram rotina.
O TCU cita a obra eterna e interminável do Centro de Belas Artes, que tem R$ 8,062 milhões garantidos. No entanto, a obra, que foi construída para ser a nova rodoviária de Campo Grande em 1994, depende de nova licitação a ser realizada pela Prefeitura da Capital para ser concluída. A corte estima que 87,62% das obras físicas foram executadas. A obra segue parada apesar de contar com R$ 5,123 milhões liberados pelo Governo federal.
A Praça da Juventude, com investimento de R$ 1,8 milhão, é outra parada desde a gestão de Bernal. O TCU estima que apenas 19,15% da obra prevista foi executada.
A Cidade do Natal é outra citada no relatório do TCU como obra inacabada. A prefeita pretende concluir o projeto a tempo das atividades natalinas deste ano em Campo Grande. O município planeja inaugurar no dia 12 de dezembro, a 13 dias do Natal.
Outra obra inacabada é a reforma do centro cirúrgico e de enfermarias críticas na Santa Casa de Campo Grande. Mesmo com R$ 11,6 milhões garantidos, a obra está com apenas 11,43% do previsto concluído e será outra herança para o Governo Lula.
O TCU também lista obras de pavimentação em diversos bairros da Capital e no interior, recapeamento e manutenção de rodovias federais e até a duplicação de trecho da BR-262 (anel viário) em Campo Grande.
Uma das principais obras de infraestrutura urbana paralisada na Capital é a da revitalização da Avenida Ernesto Geisel. Orçada em R$ 48 milhões, a obra começou e só teve uma parte concluída, com a implantação de calçada e ciclovia na frente do Shopping Norte Sul.
As empresas contratadas pela prefeitura abandonaram o projeto e a retomada vai depender de nova licitação. Marquinhos Trad (PSD) responsabilizou o Governo de Bolsonaro pelos problemas, porque houve atraso no repasse e as empresas acabaram optando pela rescisão do contrato.
A obra chegou a ser disputada pelos parlamentares do Estado como responsáveis pela liberação dos recursos. O Governo do Estado chegou a usar a obra como propaganda na campanha pela reeleição de Reinaldo Azambuja (PSDB) em 2018. O tucano foi reeleito e a obra segue inconclusa.
No total, conforme o TCU, Lula vai herdar 8.674 obras paradas, com investimentos de R$ 116,8 bilhões no País.
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