Política / Investigação
Filiada ao PL é flagrada em áudios cobrando “cashback” de emenda parlamentar em São Paulo
Amanda Servidoni, ligada à secretária Valéria Bolsonaro, pede R$ 100 mil de volta em esquema revelado por mensagens de WhatsApp
25/10/2025
08:15
DA REDAÇÃO
Amanda Servidoni (ao centro na foto em destaque)
Um escândalo político envolvendo o Partido Liberal (PL) veio à tona após a divulgação de áudios de WhatsApp obtidos pelo portal Metrópoles, nos quais Amanda Servidoni, filiada ao PL de Rio Claro (SP), aparece negociando a devolução de parte de uma emenda parlamentar de R$ 300 mil.
Nos áudios, Amanda — que se apresenta como “assessora” da deputada estadual licenciada Valéria Bolsonaro (PL), atual secretária de Políticas para a Mulher do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) — pede R$ 100 mil de “cashback” do valor total de uma emenda destinada a um município do interior paulista.
“Ele [prefeito] vai gastar 100k com a pista. E nós estamos dando 300. Desses 300 eu quero pelo menos uns 100. Não quero 10%, filho. Vocês não sabem fazer negócio”, diz Amanda em um dos trechos divulgados.
Em outro áudio, Amanda afirma que o retorno financeiro seria uma forma de “abrir portas” para novos repasses a prefeituras da região:
“Ele já vai ganhar 100 mil reais que ele vai executar e 100 que vai vir de lambuja. É isso, 100 e 100, para abrir mais [portas] nas outras cidades.”
As mensagens revelam indícios de intermediação ilegal de recursos públicos, com Amanda se colocando como articuladora entre prefeitos e parlamentares. O nome do município envolvido, entretanto, não foi divulgado.
Ex-servidora da Prefeitura de Rio Claro, Amanda presidia o projeto social “Mulheres pela Fé”, que tem Valéria Bolsonaro como madrinha.
Atuou como chefe de gabinete do vice-prefeito da cidade e foi filiada ao PL em junho deste ano, em cerimônia ao lado de Valdemar Costa Neto e Valéria Bolsonaro.
No último dia 23 de outubro, Valéria inaugurou um escritório político em Rio Claro no mesmo endereço da sede do projeto de Amanda.
Apesar de se apresentar como assessora, Amanda não ocupa cargo na Secretaria de Políticas para a Mulher, segundo nota oficial do governo paulista.
Questionada pela imprensa, Amanda admitiu ser autora dos áudios, mas negou que se tratasse de negociação de emendas parlamentares.
“Trabalho com projetos. Não tenho nada a declarar”, afirmou.
O assessor jurídico de Valéria Bolsonaro, Eduardo Aparecido dos Santos, confirmou que Amanda atua como “assessora regional” da secretária, mas garantiu que os áudios não têm relação com a pasta.
“É uma relação de amizade e apoio político. Valéria sempre apoiou o projeto Mulheres pela Fé, mas Amanda não é servidora pública”, afirmou Eduardo.
Em nota, a Secretaria de Políticas para a Mulher declarou que não possui qualquer vínculo institucional com o projeto “Mulheres pela Fé” e ressaltou que emendas parlamentares são de responsabilidade da Assembleia Legislativa (Alesp) e fiscalizadas por órgãos de controle e tribunais de contas.
Até o momento, Valéria Bolsonaro não se manifestou publicamente sobre o caso.
Durante seu mandato como deputada estadual, Valéria Bolsonaro enviou duas emendas de R$ 300 mil para Rio Claro — uma em 2023, via emenda Pix, e outra em 2024, destinada à Secretaria de Saúde. A coincidência de valores reacendeu o debate sobre transparência e controle na destinação de recursos públicos via emendas parlamentares.
A Prefeitura de Rio Claro informou que os recursos foram destinados à reforma da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e à compra de um veículo para a Saúde, mas não apresentou documentos comprobatórios à imprensa.

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