Campo Grande (MS), Quarta-feira, 16 de Julho de 2025

Agronegócio / Comércio Exterior

Acrissul propõe diversificação de mercados para minimizar impactos do tarifaço de Trump na exportação de carne

Frigoríficos suspendem embarques aos EUA; setor avalia redirecionar produção para China, Chile, México e Indonésia

16/07/2025

09:45

DA REDAÇÃO

Presidente da Acrissul, Guilherme Bumlai

A decisão dos frigoríficos de Mato Grosso do Sul de suspender as exportações de carne bovina aos Estados Unidos após o anúncio da tarifa de 50% do presidente Donald Trump preocupa o setor, mas a Acrissul (Associação dos Criadores de MS) aposta em estratégias para reduzir os prejuízos.

De acordo com o presidente da entidade, Guilherme Bumlai, o momento exige ação coordenada e abertura de novos canais comerciais. “A diversificação de mercados é a saída mais viável neste cenário de incerteza. Fortalecer as relações com países como China e Chile, e abrir novas portas com México e Indonésia, tende a absorver parte da produção redirecionada”, afirmou.

Suspensão temporária dos embarques

Os embarques aos EUA foram interrompidos preventivamente pelos frigoríficos sul-mato-grossenses habilitados para exportação ao país, diante do risco de que a nova taxa entre em vigor após o desembarque, a partir de 1º de agosto.

Segundo Alberto Sérgio Capucci, vice-presidente do Sincadems (Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de MS), a suspensão foi um pedido direto de importadores norte-americanos. “Nenhum frigorífico parou os abates. A suspensão é apenas para a produção destinada aos EUA. Agora, cada grupo avaliará a melhor rota para redirecionar a carne produzida”, explicou.

Efeitos no preço da arroba

O impacto da medida já começa a ser sentido na cotação da arroba do boi gordo:

  • Dourados: queda para R$ 298,50 (dados da Scot Consultoria)

  • Campo Grande e Três Lagoas: R$ 301,50, sem variação

Apesar da retração, especialistas apontam que a oferta reduzida de gado nos meses de agosto e setembro pode contribuir para estabilizar o mercado e evitar quedas mais acentuadas.

Seguimos acompanhando o cenário e defendendo a ampliação e diversificação dos destinos da carne sul-mato-grossense, como estratégia para proteger o produtor rural dessas instabilidades comerciais”, afirmou Bumlai.

Alternativas e rotas comerciais

O setor agora foca em expandir e intensificar as exportações para outros mercados:

  • China e Chile: já recebem volumes significativos e podem absorver parte da produção remanejada

  • México e Indonésia: são mercados potenciais que podem ser abertos com agilidade diplomática

  • Egito e outros países árabes: habilitados para carne brasileira com certificações específicas

Cada frigorífico avaliará suas habilitações e demandas específicas para redirecionar os lotes, enquanto parte da produção também será destinada ao mercado interno, o que pode reduzir o preço da carne ao consumidor no curto prazo.

Incerteza jurídica trava novos embarques

A dúvida sobre quando a taxação de Trump será efetivamente aplicada – no embarque no Brasil ou no desembarque nos EUA – inviabiliza o envio de novos lotes.

Se houvesse garantia de que a tarifa seria aplicada no embarque, ainda haveria tempo para envio. Mas com o produto levando 30 dias para chegar, ninguém quer arriscar pagar 50% de taxa ao chegar lá”, explicou Capucci.


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