Política / Justiça
Bolsonaro mente ao STF sobre medidas contra a imprensa, revela histórico de ataques e uso da máquina pública
Ex-presidente afirmou que cortes foram por razões orçamentárias, mas registros mostram perseguições institucionais, xingamentos e retaliações a veículos de comunicação
11/06/2025
08:15
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Durante interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou justificar medidas adotadas contra veículos de imprensa durante seu governo (2019–2022) como parte de uma política de contenção de gastos. No entanto, o histórico documentado de falas públicas e atos administrativos revela ações deliberadas de perseguição à imprensa, com retaliações financeiras, ameaças e discursos de intimidação.
“Não é que eu cortei a propaganda por maldade. É que eu tinha teto de gastos”, disse Bolsonaro ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito que apura a tentativa de golpe e ataques à democracia.
Documentos e falas públicas registradas desde 2019 desmentem o argumento de contenção fiscal como único motivo. Ao longo do mandato, Bolsonaro xingou jornalistas, cancelou contratos de publicidade, cortou assinaturas de jornais e pressionou anunciantes para que deixassem de apoiar veículos como Folha de S.Paulo, O Globo, Estadão e o portal O Antagonista.
Em 2019, o presidente declarou abertamente:
“Eu não quero ler a Folha mais. E ponto final. E nenhum ministro meu. Recomendo que não comprem o jornal.”
“Quem anuncia na Folha presta atenção. Eu não compro mais produtos anunciados ali.”
Bolsonaro chegou a editar uma Medida Provisória para permitir que empresas publicassem seus balanços apenas no site da CVM ou no Diário Oficial, retirando essa obrigatoriedade dos veículos impressos — o que afetaria diretamente o jornal Valor Econômico, especializado em economia.
“Para ajudar a imprensa de papel”, disse com ironia a empresários.
“No dia de ontem eu retribuí parte daquilo que a grande mídia me atacou.”
A medida foi ignorada pelo Congresso e perdeu validade. A iniciativa, no entanto, confirmou o objetivo do governo: enfraquecer financeiramente os meios de comunicação considerados críticos.
Sob o governo Bolsonaro, os ataques a jornalistas e veículos de comunicação cresceram de forma contínua. Segundo dados da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo):
Em 2022, ano eleitoral, foram registrados 557 ataques à imprensa (aumento de 23% em relação a 2021);
42% dos casos envolveram diretamente membros da família Bolsonaro.
A portaria do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, transformou-se em palco de ataques verbais e intimidações, com o presidente incentivando apoiadores a hostilizar jornalistas durante transmissões ao vivo.
Os ataques à imprensa não começaram com a Presidência. Ainda como deputado federal, Bolsonaro já demonstrava hostilidade contra repórteres, mas como presidente, seu discurso foi amplificado por estruturas oficiais e redes bolsonaristas, atingindo jornalistas pessoalmente e em ambiente virtual.
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