POLÍCIA
Esquema de corrupção na Apae de Campo Grande: R$ 8 milhões desviados e plano de fuga frustrado
Ex-coordenador da instituição foi preso novamente após investigações do Gaeco
17/03/2025
07:10
PP
DA REDAÇÃO
Equipes do Gaeco durante a Operação Occulto (Foto: GECOC/MPMS)
A investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) revelou um esquema de corrupção milionário na Apae de Campo Grande, envolvendo desvio de R$ 8 milhões. O centro do esquema era Paulo Henrique Muleta Andrade, ex-coordenador da instituição, que foi preso novamente nesta semana após tentar ocultar bens e planejar uma fuga para a Itália.
A fraude foi descoberta durante a Operação Turn Off, que expôs irregularidades em secretarias estaduais de Saúde e Educação. Empresários, servidores e o secretário-adjunto da Educação foram afastados. A Apae, uma instituição de referência no atendimento a pessoas com deficiência, também foi afetada pelo esquema.
📌 Início dos desvios (2019):
✔ Paulo Henrique Muleta se associou aos empresários Lucas Andrade Coutinho e Sérgio Duarte Coutinho Júnior, que já atuavam no esquema;
✔ A Apae firmou parceria com o Governo do Estado e passou a receber dinheiro público para atendimento de pacientes;
✔ Foram assinados contratos superfaturados entre as empresas dos irmãos Coutinho e a Apae;
✔ Como recompensa, Paulo recebeu propina no valor de R$ 919.852,26.
📌 Expansão da fraude:
✔ Paulo criou quatro empresas de fachada junto com o contador João Antônio de Freitas Silva;
✔ As empresas eram supostamente especializadas na área hospitalar e vendiam materiais de ostomia para a Apae;
✔ O mesmo produto era revendido entre as empresas para inflacionar os preços, e depois vendido à Apae por um valor muito superior ao original;
✔ Notas fiscais falsas eram emitidas para justificar os pagamentos, e em muitos casos, os produtos sequer existiam;
✔ O dinheiro era depositado na conta das empresas no mesmo dia em que as notas falsas eram emitidas.
💰 Valor total desviado: R$ 8.163.500,25
📌 Uso do dinheiro ilícito:
✔ Após a primeira fase da investigação, Paulo e João tentaram "dissolver" o dinheiro do crime, adquirindo bens no valor de R$ 2,8 milhões;
✔ Em dezembro de 2023, Paulo transferiu mais de R$ 900 mil para terceiros, incluindo um suposto agiota;
✔ A Justiça bloqueou R$ 8,9 milhões das contas de Paulo e R$ 8 milhões de João, mas na conta de Paulo só foram encontrados R$ 57 mil.
📌 Falha no bloqueio de bens e fuga frustrada:
✔ O Ministério Público descobriu que a Caixa Econômica Federal falhou no bloqueio total dos bens de Paulo, permitindo que ele sacasse R$ 412 mil de investimentos e os transferisse para terceiros;
✔ Escutas telefônicas flagraram Paulo planejando um "empréstimo milionário" para fugir para a Itália, onde possui cidadania italiana;
✔ Ele pediu autorização judicial para viajar à Espanha sob o pretexto de um casamento, mas a solicitação foi negada.
✔ Paulo Henrique Muleta foi preso novamente por utilizar sua liberdade para ocultar bens e assegurar os lucros do esquema;
✔ O Ministério Público também pediu a prisão de João Antônio de Freitas Silva, mas a Justiça negou por falta de provas concretas;
✔ As investigações agora se desdobram na Operação Occulto, que busca aprofundar a conexão entre os envolvidos e outros possíveis crimes financeiros.
O caso abala a credibilidade da Apae, uma instituição que há mais de 50 anos presta atendimento essencial a pessoas com deficiência. O desvio de recursos públicos mostra como a corrupção compromete o funcionamento de entidades vitais para a sociedade.
A nova fase das investigações pode trazer mais envolvidos à tona, enquanto o MPMS segue trabalhando para recuperar os valores desviados.
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