Campo Grande / Transporte
Sem ônibus, viagens por aplicativo ficam até 70% mais caras em Campo Grande
Greve no transporte coletivo provoca aumento expressivo nas tarifas e afeta principalmente trabalhadores dos bairros ao Centro
15/12/2025
07:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A greve dos motoristas do transporte coletivo deixou Campo Grande sem ônibus nesta segunda-feira (15) e provocou aumento significativo no valor das viagens por aplicativo, que chegam a ficar até 70% mais caras, a depender do horário e do trajeto. O impacto é mais sentido nos deslocamentos dos bairros para a região central, justamente no horário de pico da manhã.
Antes das 6h, a auxiliar Rafaela da Silva, de 24 anos, precisou recorrer a um carro por aplicativo para sair do Jardim Centro-Oeste, no extremo sul da Capital, com destino ao bairro Santa Fé, onde trabalha. Pela corrida, ela pagou R$ 51, enquanto, em dias normais, o mesmo trajeto custa cerca de R$ 30.
Ao simular o percurso inverso, no sentido Centro–bairro, o valor cobrado era de R$ 25, evidenciando a diferença de preço causada pela alta demanda e pela menor disponibilidade de motoristas nas regiões periféricas no início da manhã.
Já as viagens feitas no contrafluxo do movimento matinal, da região central para os bairros, mantiveram valores próximos ao habitual. É o caso da gerente financeira Anny Moura, de 33 anos, que pagou R$ 19 para se deslocar do bairro Mata do Segredo até o Carandá Bosque.
“Preço normal, mas esses dias não estava. Já cheguei a pagar R$ 70 para ir trabalhar”, relatou.
Sem ônibus e com o aumento das tarifas, muitos moradores precisaram antecipar horários ou mudar a forma de deslocamento. A estudante Rebeca Gonçalves, de 16 anos, saiu de casa às 6h20 e fez a pé o trajeto entre o bairro Vida Nova e a Escola Estadual José Maria Hugo Rodrigues, na Mata do Jacinto, uma distância de cerca de 6 quilômetros.
“Eu sabia que teria greve. Minha avó teve que pegar Uber para ir ao trabalho, porque para ela a caminhada é muito maior”, contou.
Além dos preços elevados, usuários também enfrentaram demora na aceitação das corridas. A aposentada Leila Barbosa, de 63 anos, foi até o ponto de ônibus sem lembrar da paralisação e precisou recorrer ao aplicativo.
“Não reclamo tanto do preço, mas da demora para os motoristas aceitarem a corrida”, afirmou.
A paralisação foi deflagrada pelos motoristas do Consórcio Guaicurus após assembleia realizada na última quinta-feira (11), em protesto contra o atraso no pagamento dos salários, que deveriam ter sido quitados no dia 5 de dezembro, além de outros direitos trabalhistas pendentes.
Com os ônibus fora de circulação, terminais e pontos de ônibus amanheceram vazios, afetando diretamente mais de 100 mil pessoas que dependem diariamente do transporte público na Capital.
Dados do próprio Consórcio Guaicurus indicam que, em agosto do ano passado, o sistema transportava uma média mensal de 3.248.211 passageiros. Já a 32ª edição do Perfil Socioeconômico de Campo Grande, divulgada pela Planurb em agosto de 2025, com base em dados de 2023, aponta:
Média diária: 116.166 passageiros
Quilometragem rodada por dia: cerca de 72 mil quilômetros
Com a greve, toda essa demanda acabou migrando, de forma emergencial, para aplicativos de transporte e alternativas informais, pressionando preços e ampliando os transtornos para a população.
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
IPTU 2026: prazo para solicitar isenção segue aberto em Três Lagoas
Leia Mais
Ecofuturo completa 26 anos com atuação que une conservação ambiental e transformação social
Leia Mais
Senador Nelsinho Trad destina mais de R$ 16,1 milhões para Mato Grosso do Sul em apenas 15 dias
Leia Mais
Caixa paga Bolsa Família nesta segunda-feira a beneficiários com NIS final 4
Municípios