Esportes / Futebol
Clubes de MS enviam manifesto à CBF contra possível retorno de Francisco Cezário
Entidades pedem banimento do ex-presidente da FFMS e reafirmam soberania da assembleia que o destituiu após escândalo de corrupção
18/11/2025
19:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Clubes e ligas de futebol de Mato Grosso do Sul protocolaram na CBF (Confederação Brasileira de Futebol) um manifesto contundente contra qualquer possibilidade de retorno do ex-presidente Francisco Cezário de Oliveira ao comando da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul). O documento, entregue na segunda-feira (17), reúne a assinatura de 43 entidades, representando mais de 75% dos filiados da Federação — a maior mobilização institucional já registrada no futebol sul-mato-grossense.
A ação coletiva é uma resposta direta à decisão da 2ª Vara Cível de Campo Grande, que anulou a Assembleia Geral Extraordinária de 14 de outubro de 2024, responsável por destituir Cezário após denúncias de irregularidades graves investigadas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado).
O manifesto reforça que a destituição de Cezário foi aprovada por mais de dois terços dos votos, atendendo aos critérios estatutários e refletindo a vontade soberana dos filiados.
As entidades afirmam que qualquer tentativa de retorno do ex-dirigente “representaria grave ameaça à autonomia associativa e à estabilidade institucional da FFMS”, considerando o histórico de denúncias envolvendo:
desvios de recursos públicos e privados;
falsificação de documentos e carimbos;
pagamentos informais sem comprovação;
uso indevido de verbas da Federação;
empresas parceiras usadas para movimentação paralela de recursos;
além de acusações formais de organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro e furto qualificado.
O documento destaca ainda que a atual diretoria, comandada por Estevão Petrallás, conduziu a FFMS a um período de regularidade contábil, alcançando superávit financeiro de R$ 371 mil entre junho e dezembro de 2024 — resultado apontado como evidência da recuperação institucional após a saída de Cezário.
O manifesto entregue à CBF solicita três providências imediatas:
Abertura de processo disciplinar no Conselho de Ética para avaliar a conduta de Cezário e deliberar sobre seu banimento do sistema do futebol;
Acompanhamento institucional da CBF para assegurar que a decisão soberana dos filiados da FFMS seja respeitada;
Transparência e comunicação contínua com os clubes sobre cada passo adotado pela entidade nacional.
A sentença do juiz substituto Tito Gabriel Cosato Barreiro, proferida em 7 de novembro, concluiu que o processo de destituição não garantiu ao ex-presidente o direito à ampla defesa, exigido tanto pelo estatuto da FFMS quanto pela Lei Pelé (Lei 9.615/1998). Ele apontou falhas graves na convocação e condução da assembleia.
Entretanto, o juiz deixou claro:
a decisão não devolve automaticamente o cargo ao ex-presidente;
Cezário continua afastado por ordem da Justiça criminal no processo em que é réu;
permanece suspenso pela CBF;
qualquer retorno depende de decisão no âmbito penal e de revisão da punição administrativa.
Mesmo assim, os clubes temem que a liminar seja usada como argumento político para uma tentativa de retomada do comando da Federação — motivo pelo qual intensificaram a mobilização.
Além do manifesto coletivo, cada agremiação também encaminhou um “Termo de Subscrição ao Manifesto dos Filiados pela Moralidade e Governança da FFMS”, reforçando individualmente a posição contrária ao retorno de Cezário.
Entre os clubes signatários estão:
Operário
Comercial
Costa Rica EC
Coxim AC
A.A. Bataguassu
URSO
Maracaju AC
Redenção FC
D9 FC
Guaicurus
Instituto Bola de Ouro
União AC
MS Fênix
e várias ligas municipais.
Francisco Cezário presidiu a FFMS por quase 30 anos. Foi preso em abril de 2024 durante a Operação Cartão Vermelho, que identificou:
desvio de cerca de R$ 10 milhões da Federação;
ocultação de R$ 800 mil em dinheiro vivo encontrados em sua residência;
esquema operado com depósitos fracionados, notas frias e movimentações em espécie.
Segundo o Gaeco, a organização criminosa desviava inclusive verbas destinadas a diárias de hotéis do Campeonato Estadual e utilizava familiares para movimentar recursos.
Após sua destituição, o ex-presidente entrou com múltiplas ações judiciais tentando reassumir o cargo.
Com o manifesto protocolado, as entidades sul-mato-grossenses aguardam agora:
a abertura de procedimento disciplinar,
a análise do Conselho de Ética,
e uma resposta formal da CBF.
Os clubes afirmam que permanecerão mobilizados até que a decisão soberana da maioria absoluta dos filiados seja respeitada, garantindo estabilidade e preservação da integridade do futebol estadual.
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