Campo Grande (MS), Sexta-feira, 31 de Outubro de 2025

Política / Partidos

MDB de Mato Grosso do Sul vive impasse entre o retorno à força política e o risco de esvaziamento em 2026

Divisão interna entre aliados de Simone Tebet e André Puccinelli ameaça a unidade do partido nas próximas eleições

31/10/2025

12:30

DA REDAÇÃO

©DIVULGAÇÃO

O MDB de Mato Grosso do Sul atravessa um momento decisivo. O partido, que já foi a maior força política do Estado, oscila entre o sonho de reconstrução e o risco de enfraquecimento nas eleições de 2026. As divergências internas, impulsionadas pelas pretensões eleitorais da ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), têm acentuado a tensão entre as lideranças regionais.

Tebet e a disputa pelo Senado

A ministra Simone Tebet tem insistido na ideia de disputar novamente o Senado por Mato Grosso do Sul, o que desagrada parte do diretório estadual — tradicionalmente mais alinhado à direita.
Embora o partido reconheça a relevância nacional da ministra, a aproximação dela com o presidente Lula (PT) desperta resistência em setores emedebistas que não querem ver o MDB servindo de palanque à candidatura petista à reeleição.

“O problema não é Simone, é o palanque”, resumiu uma liderança, em referência ao desconforto com a aliança entre o MDB e o PT no plano federal.

Puccinelli tenta reconstruir, mas enfrenta divisão

O ex-governador André Puccinelli continua sendo o principal articulador do partido no Estado, embora sua influência tenha diminuído após o fraco desempenho nas eleições de 2022, quando terminou em terceiro lugar na disputa pelo governo.
O efeito Bolsonaro naquele pleito alavancou o então candidato Capitão Contar (PRTB) e deixou o MDB fora do segundo turno, enfraquecendo a liderança de Puccinelli.

Desde então, ele tem se concentrado em recompor a base e fortalecer as nominatas proporcionais, chegando a cogitar uma candidatura a deputado estadual.
Entretanto, a convivência com o grupo de Simone Tebet é delicada — e as disputas internas por espaço se intensificaram desde 2024.

Risco de debandada e impacto eleitoral

O partido, presidido por Waldemir Moka, corre o risco de perder três de suas principais lideranças parlamentares: Márcio Fernandes, Junior Mochi e Renato Câmara.
Os três já sinalizaram que podem deixar o MDB caso a candidatura de Simone ao Senado seja confirmada em aliança com o PT e Lula.

Essa possível saída seria um golpe severo na chapa proporcional, já que o trio representa a base eleitoral necessária para o MDB voltar a formar bancada na Assembleia Legislativa — estimada entre quatro e cinco deputados estaduais.

A permanência de nomes como Jerson Domingos e Eduardo Rocha (esposo de Simone Tebet e ex-secretário da Casa Civil) ainda é incerta. Rocha, inclusive, mantém boa relação com o governador Eduardo Riedel (PSDB), que deve apoiar um projeto político oposto ao de Lula em 2026.

Um partido dividido entre o passado e o futuro

Internamente, o MDB tenta reencontrar o equilíbrio entre duas forças:

  • o grupo de André Puccinelli, que defende uma linha autônoma e mais conservadora;

  • e o grupo de Simone Tebet, que aposta na reaproximação com o governo federal e na retomada do protagonismo nacional.

O resultado dessa disputa pode definir o destino do partido em Mato Grosso do Sul — entre o renascimento político ou o esvaziamento quase completo na próxima legislatura.

“O MDB pode renascer como força de centro ou desaparecer como coadjuvante. Tudo depende das decisões dos próximos meses”, avalia um dirigente histórico da legenda.

 

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