Trânsito / Cidadania
Procura por autoescolas cai 60% em Mato Grosso do Sul após proposta do governo para CNH mais barata, diz sindicato
Expectativa de redução nos custos fez alunos adiarem matrícula; setor alerta para risco de despreparo e insegurança no trânsito
17/10/2025
14:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A procura por matrículas em autoescolas de Mato Grosso do Sul despencou desde o anúncio do Governo Federal sobre a proposta que elimina a obrigatoriedade de frequentar Centros de Formação de Condutores (CFCs) para obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
De acordo com o Sindicato dos Centros de Formação de Condutores de MS, a redução já chega a 60% em algumas unidades do Estado.
A proposta foi autorizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 1º de outubro e está em audiência pública desde o dia 2, conduzida pelo Ministério dos Transportes.
O texto prevê que as aulas teóricas e práticas deixem de ser exclusivas das autoescolas, podendo ser ministradas também por instrutores autônomos credenciados — como parte das novas regras que buscam reduzir o custo da habilitação em até 80%.
Segundo o presidente do sindicato, Henrique Fernandes, o impacto começou a ser percebido ainda em julho, mas se agravou neste mês.
“As pessoas estão na expectativa de conseguir uma carteira mais barata, com menos horas de aula, e por isso adiaram a matrícula. O problema é que os compromissos das autoescolas continuam os mesmos, e o setor vive um momento muito delicado”, afirmou.
A proposta, que poderá ser oficializada por meio de resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) sem necessidade de votação no Congresso, ainda enfrenta resistência no setor.
No painel e-Cidadania, do Senado Federal, a consulta pública contabiliza apenas 19 apoios.
As categorias A (motos) e B (carros) são as mais afetadas pela queda nas matrículas. Fernandes alerta que a formação completa é essencial para a segurança viária:
“A parte prática é fundamental, mas a teórica também tem papel importante na formação do condutor. Deixar essa etapa totalmente livre pode colocar pessoas despreparadas no trânsito”, destacou.
O sindicato defende mudanças graduais e responsáveis, que reduzam custos sem comprometer a qualidade do ensino.
“Não somos contra modernizações, mas é preciso garantir o mínimo de aprendizado e segurança. Do jeito que está sendo proposto, o trânsito pode ficar ainda mais perigoso”, completou.
A audiência pública segue aberta até o fim de outubro, e o Contran deverá definir, nas próximas semanas, como será regulamentada a atividade dos instrutores autônomos e quais exigências serão mantidas para os novos condutores.
Enquanto isso, autoescolas de todo o país relatam incertezas, demissões e dificuldade em manter custos fixos diante da suspensão de novas matrículas.
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