Política Internacional
Sem Netanyahu, Trump assina acordo de cessar-fogo em Gaza com líderes árabes no Egito
Premiê israelense recusou convite de última hora; acordo formaliza trégua e prevê plano de paz mediado por Egito, Qatar e Turquia
13/10/2025
15:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta segunda-feira (13), no Egito, um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, ao lado dos representantes de Egito, Qatar e Turquia, consolidando a trégua iniciada na última sexta (10). O encontro foi realizado na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh e reuniu líderes árabes e europeus, marcando o início de um novo plano de paz para o Oriente Médio.
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, não participou da cerimônia, após recusar um convite de última hora feito por Trump. O chefe israelense alegou que não poderia comparecer por conta do feriado judaico de Simchat Torá, mas, segundo o The Guardian, a ausência ocorreu após o presidente turco Recep Tayyip Erdoğan ameaçar não pousar no Egito caso o israelense estivesse presente.
Embora o conteúdo completo do acordo ainda não tenha sido divulgado, os países signatários se colocaram como garantidores da trégua e de um plano de paz duradouro, que deverá servir de base para uma futura solução de dois Estados.
O presidente egípcio Abdel Fatah Al-Sisi, anfitrião da cúpula, declarou que o pacto encerra “um capítulo doloroso da história humana” e reafirmou que “a única solução para a paz duradoura é a convivência entre dois Estados soberanos”.
Sisi também anunciou que concederá a Trump o Colar do Nilo, a mais alta condecoração do Egito, em reconhecimento ao papel dos EUA nas negociações.
Após a assinatura, Trump afirmou que a trégua abre caminho para uma nova fase de estabilidade regional.
“A partir deste momento, podemos construir uma região forte, estável, próspera e unida na rejeição do caminho do terror. Os primeiros passos para a paz são sempre os mais difíceis, e hoje os demos juntos”, declarou.
O republicano revelou que a “corrida final” para o fechamento do acordo começou na Assembleia-Geral da ONU, no mês passado, e envolveu encontros com oito líderes árabes, incluindo adversários políticos, “até que o trabalho fosse concluído”.
Trump também pediu aos países presentes que aderissem aos Acordos de Abraão, firmados em 2020, que normalizaram as relações de Israel com Emirados Árabes Unidos e Bahrein, e defendeu que a paz em Gaza abra caminho para uma integração regional sem precedentes.
“Agora não temos Gaza e não temos um Irã como desculpa”, disse, em referência ao fim dos combates e aos ataques norte-americanos às instalações nucleares iranianas no último mês.
O acordo foi assinado horas após os últimos 20 reféns israelenses vivos serem libertados pelo Hamas, em troca da libertação de quase 2.000 prisioneiros palestinos. O Exército de Israel confirmou ainda a devolução dos corpos de quatro reféns e segue tentando localizar os restos mortais de outros 22 sequestrados.
Além dos líderes árabes, participaram da cúpula:
o presidente francês Emmanuel Macron,
o primeiro-ministro britânico Keir Starmer,
o premiê alemão Friedrich Merz,
e o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Também estiveram presentes o emir do Qatar, Sheikh Tamim bin Hamad al-Thani, e o presidente turco Recep Tayyip Erdoğan, que desempenharam papel crucial na intermediação da trégua.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, compareceu à reunião e foi cumprimentado por Trump com um aperto de mão — um gesto simbólico, já que o líder americano havia vetado sua presença na ONU no mês anterior.
O documento baseia-se em um plano de 20 pontos elaborado por Trump, que prevê:
a reabertura da fronteira de Gaza com o Egito para entrada de ajuda humanitária e saída de civis;
a reconstrução do território devastado, com financiamento de países do Golfo;
e a desmilitarização de Gaza, com a formação de uma autoridade de transição sob supervisão internacional.
O Egito terá papel central na implementação da ajuda humanitária, enquanto Estados do Golfo devem liderar o fundo de reconstrução.
“O processo de reconstrução precisa ser desmilitarizado. Gaza deve ser um símbolo de paz, não um campo de guerra”, disse Trump.
Entre os principais desafios estão a entrega definitiva das armas pelo Hamas e a definição da governança do território.
Netanyahu sempre defendeu a aniquilação completa do grupo, enquanto o Hamas condiciona qualquer desarmamento à criação de um Estado palestino reconhecido internacionalmente.
Trump propôs a formação de uma autoridade de transição liderada por ele mesmo, medida que deve gerar resistência diplomática e política nas próximas rodadas de negociação.
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