Política / Justiça
Condenada pelo STF, Carla Zambelli deixa o Brasil e anuncia que pedirá licença do mandato
Deputada afirma que está na Europa para tratamento médico e pode ser alvo de novas medidas judiciais após condenação por invasão ao sistema do CNJ
03/06/2025
10:00
DA REDAÇÃO
©ARQUIVO
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) anunciou nesta terça-feira (3) que deixou o Brasil e que irá solicitar licença do mandato parlamentar na Câmara dos Deputados. O comunicado foi feito por meio de uma transmissão no YouTube, 20 dias após sua condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos e 8 meses de prisão pelos crimes de invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e associação criminosa.
"Queria anunciar que estou fora do Brasil já faz alguns dias. Vim, a princípio, buscando tratamento médico que já fazia aqui e agora vou pedir afastamento do cargo", declarou a deputada, sem informar em qual país europeu se encontra.
Zambelli foi condenada pelo Plenário do STF no dia 14 de maio de 2025. A sentença prevê também a perda do mandato parlamentar e a inelegibilidade por oito anos após o cumprimento da pena. Na prática, a deputada poderá ficar até 18 anos afastada da vida pública.
Mesmo antes do trânsito em julgado da decisão (quando não cabem mais recursos), a inelegibilidade já passa a valer com a publicação do acórdão da condenação. Zambelli ainda pode apresentar embargos de declaração, recurso usado para esclarecer pontos da decisão, mas que não altera a pena.
Em agosto de 2023, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, havia determinado a apreensão do passaporte da parlamentar durante as investigações. O documento foi devolvido posteriormente, o que permitiu a viagem da deputada sem restrição judicial vigente no momento da saída.
No entanto, ministros do STF consultados por bastidores avaliam a saída do país como um movimento de fuga, o que pode resultar em novas medidas cautelares, como a retenção do passaporte ou até a decretação de prisão preventiva. Também é considerada a possibilidade de inclusão de Zambelli na lista da Interpol.
Zambelli citou o caso do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que também se licenciou do mandato para permanecer fora do país por um período.
“Tem essa possibilidade na Constituição, acho que as pessoas conhecem um pouco mais agora, porque foi o que o Eduardo [Bolsonaro] fez também”, justificou.
O regimento da Câmara permite o afastamento por até 120 dias, mediante pedido formal e justificativa aceita pela Mesa Diretora.
Zambelli foi apontada como mandante do ataque hacker ao sistema do CNJ, ação que ficou sob responsabilidade do programador Walter Delgatti Neto, o mesmo envolvido na invasão de mensagens da Lava Jato em 2019. A invasão ocorreu em janeiro de 2023 e tinha como objetivo simular decisões judiciais e desmoralizar o Judiciário.
Delgatti fez delação premiada à Polícia Federal e afirmou que recebeu instruções e recursos financeiros da parlamentar para executar a ação.
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
Revisão da Lei Magnitsky expõe racha entre aliados de Eduardo Bolsonaro e gera troca de ataques nas redes
Leia Mais
Alexandre de Moraes agradece Lula por retirada de sanções da Lei Magnitsky
Leia Mais
Moraes agradece atuação de Lula após EUA retirarem sanções impostas pela Lei Magnitsky
Leia Mais
Consórcio Guaicurus paga apenas 50% dos salários atrasados e greve está mantida para segunda-feira em Campo Grande
Municípios