Campo Grande (MS), Segunda-feira, 05 de Maio de 2025

Política / Justiça

Gaeco destaca vídeo com contagem de propina em cama durante denúncia de fraude em Água Clara

Servidora gravou R$ 18 mil em espécie; investigação aponta “descaramento” e pede indenização de R$ 22 milhões ao grupo investigado na Operação Malebolge

05/05/2025

09:30

CGN

DA REDAÇÃO

Tatuagens, cicatriz e até lençol de bolinhas são provas contra servidora que contou dinheiro ©DIVULGAÇÃO

A Operação Malebolge, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) em parceria com o Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), revelou mais um episódio que chamou a atenção dos investigadores pelo "nível de descaramento dos envolvidos". Um vídeo gravado por uma servidora pública — Ana Carla Benette — mostra a contagem de R$ 18 mil em dinheiro vivo sobre uma cama, supostamente como propina recebida do empresário Mauro Mayer da Silva.

O registro, feito em 12 de junho de 2023, foi citado na denúncia enviada à Justiça pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS). Segundo o Gaeco, Ana Carla aparece no vídeo abrindo um envelope e dividindo o dinheiro em 18 montes de R$ 1.000,00, numa cena descrita como “extravagante”.

Evidência visual e identificação

Para confirmar a identidade da autora do vídeo, a investigação se baseou em tatuagens visíveis, cicatriz na mão, e até o padrão do lençol, que aparece em uma selfie enviada por Ana Carla ao empresário. No celular de Mauro Mayer foram encontrados três vídeos adicionais com imagens da caixa, envelope e maços de dinheiro antes da gravação principal.

Durante a operação, realizada em 18 de fevereiro de 2025, a polícia apreendeu R$ 9 mil em espécie na residência da servidora, que tem salário mensal de R$ 4.500,00.

Entenda o esquema denunciado

O Gaeco afirma que o grupo atuava com fraudes em licitações, corrupção ativa e passiva, falsidade documental, uso de documentos falsos, peculato e organização criminosa, entre os anos de 2022 e 2025. As irregularidades envolviam a Prefeitura de Água Clara e favoreciam empresas como a Zellitec Comércio de Produtos Alimentícios, comandada por Mauro Mayer da Silva, que frequentemente vencia pregões com indícios de direcionamento.

A ação da promotoria ainda pede indenização mínima de R$ 22 milhões, sendo R$ 11 milhões pelos prejuízos ao erário municipal e outros R$ 11 milhões por danos morais coletivos.

Réus na operação Malebolge:

  • Adão Celestino Fernandes – administrador

  • Adriana Rosimeire Pastori Fini – ex-secretária de Educação

  • Ana Carla Benette – servidora pública

  • Denise Rodrigues Medis – ex-secretária de Finanças

  • Ícaro Luiz de Almeida Nascimento – empresário

  • Jânia Alfaro Socorro – servidora pública

  • Kamilla Zaine dos Reis Santos Oliveira – servidora pública

  • Leonardo Antônio Siqueira Machado – empresário

  • Mauro Mayer da Silva – empresário

  • Valmir Deuzébio – comerciário

Silêncio na oitiva

No dia 20 de fevereiro, Mauro Mayer e Ana Carla compareceram ao Gaeco, mas optaram por permanecer em silêncio diante dos promotores. A defesa de Mauro informou que não se manifestaria sobre o caso, e os demais citados não foram localizados.

Nome inspirado na “Divina Comédia”

A operação foi batizada de Malebolge, em referência ao oitavo círculo do inferno na obra A Divina Comédia, de Dante Alighieri, reservado aos corruptos e fraudadores.


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