Campo Grande (MS), Sábado, 19 de Abril de 2025

Justiça / Sinttel

Sindicalistas são afastados após suspeita de desvio de R$ 6,8 milhões no Sinttel/MS; silêncio marca reação dos envolvidos

MPT aponta confusão patrimonial e desvio de recursos que deveriam ser destinados a trabalhadores; Justiça afasta dirigentes e autoriza levantamento parcial do sigilo do processo

17/04/2025

11:15

CGN

DA REDAÇÃO

Sede do Sinttel na rua José Antônio (Foto: Google Maps)

Quatro dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações de Mato Grosso do Sul (Sinttel/MS) foram afastados judicialmente após investigação do Ministério Público do Trabalho (MPT) que apura o suposto desvio de R$ 6,8 milhões em recursos obtidos por meio de sentença coletiva.

A decisão foi proferida pela juíza Ana Paola Emanuelli Balsanelli, da 4ª Vara do Trabalho de Campo Grande, que também autorizou a quebra parcial do sigilo judicial do processo, mantendo sob proteção apenas documentos com dados sensíveis, como declarações de imposto de renda. Segundo a magistrada, há “evidente interesse coletivo na transparência das decisões envolvendo entidades sindicais”.

Apesar da gravidade das acusações, o sindicato permanece em silêncio. A reportagem procurou representantes do Sinttel/MS, da defesa dos investigados e da Fenattel (Federação Nacional dos Trabalhadores em Telecomunicações) — responsável por indicar a nova Junta Governativa da entidade —, mas nenhuma das partes se manifestou até o momento.

Esquema de desvio e confusão patrimonial

De acordo com o MPT, os recursos investigados são oriundos de uma ação coletiva contra a Fundação Sistel. A sentença determinava que 70% dos valores fossem destinados aos trabalhadores e 30% ao sindicato. No entanto, segundo o órgão, os repasses foram feitos para contas bancárias pessoais dos dirigentes, sem controle institucional nem prestação de contas à categoria.

Parte dos trabalhadores, segundo a denúncia, não recebeu o valor devido ou foi orientada a não declarar os recursos à Receita Federal, o que pode configurar sonegação fiscal.

A Justiça classificou o cenário como um “quadro preocupante de confusão patrimonial” e um “abuso do poder sindical”, destacando que o grupo investigado controla o Sinttel/MS há mais de 20 anos, alternando cargos entre si e blindando práticas antidemocráticas.

Decisão judicial e medidas aplicadas:

  • Afastamento imediato dos dirigentes:

    • Jefferson Borges Silveira (presidente)

    • Rafael Gonzales (ex-presidente)

    • João Batista da Silva (ex-diretor e empresário)

    • Adão Farias Alves (diretor)

  • Nomeação de Junta Governativa pela Fenattel

  • Convocação de novas eleições em até 120 dias

  • Inelegibilidade dos envolvidos

  • Bloqueio de mais de R$ 5,4 milhões em bens dos réus

A juíza também apontou que o sindicato está com cadastro inativo no Ministério do Trabalho, o que reforça, segundo ela, a ilegitimidade representativa e o descumprimento de obrigações legais mínimas.

O processo segue em trâmite. O espaço segue aberto para manifestações das partes envolvidas.


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