Política e Justiça
Disputa pela presidência da UCVMS expõe crise e racha político em Mato Grosso do Sul
Daniel Júnior e Jeovani Vieira disputam comando da entidade sob pressão de escândalos, debandada de câmaras e interferência de lideranças estaduais
29/03/2025
10:00
DA REDAÇÃO
©REPRODUÇÃO
A eleição para a presidência da União das Câmaras de Vereadores de Mato Grosso do Sul (UCVMS), marcada para o próximo 2 de abril, tornou-se o centro de uma intensa disputa política no Estado. Em meio a escândalos de corrupção, descrédito institucional e debate sobre a relevância da entidade, dois candidatos disputam o cargo: o atual presidente Jeovani Vieira (PSDB), vereador de Jateí, e o opositor Daniel Júnior (PP), vereador de Dourados, que desponta como favorito.
A eleição ocorre em um cenário marcado por operações policiais que investigam fraudes em diárias de vereadores e por denúncias contra a atual gestão, o que transformou a disputa em um plebiscito sobre a própria sobrevivência e função da entidade.
Daniel Júnior angariou apoio de lideranças de peso, incluindo o governador Eduardo Riedel (PSDB), os ex-governadores Reinaldo Azambuja (PSDB) e André Puccinelli (MDB), a senadora Tereza Cristina (PP) e a cúpula da Assembleia Legislativa, liderada por Gerson Claro (PP).
“A UCVMS virou um elefante branco. Vereadores não veem retorno, só escândalos”, criticou Daniel.
Do outro lado, Jeovani Vieira aposta na continuidade do trabalho, embora enfrente forte rejeição, inclusive dentro do próprio PSDB, que abandonou sua candidatura. Vieira tenta manter o apoio de vereadores da base, mas está politicamente isolado.
A UCVMS, criada para representar e fortalecer o poder legislativo municipal, vive uma crise sem precedentes: apenas 29 das 79 câmaras permanecem filiadas à entidade — número bem inferior às mais de 60 do passado recente.
O Ministério Público Estadual (MPE) chegou a emitir alerta aos presidentes de Câmaras, advertindo que o pagamento de anuidades à entidade poderia configurar ato de improbidade administrativa, devido à falta de transparência na prestação de contas.
Além disso, a 1ª Vara de Direitos Difusos de Campo Grande aceitou denúncia contra Jeovani Vieira por supostas irregularidades nas contas de 2021 da entidade. A ação aponta falhas de R$ 164,1 mil, incluindo ausência de notas fiscais. Vieira nega irregularidades e atribui os problemas a “práticas antigas”.
Com a desistência de pré-candidatos como Junior Coringa (PSD) e Neto Santos (Republicanos) em favor de Daniel, o pleito também se tornou um teste de articulação política para PP e PSDB, que pretendem alinhar suas bases municipais visando as próximas eleições estaduais.
“Hoje, a União de Câmaras não serve aos vereadores. Serve a interesses obscuros”, disparou Daniel Júnior.
A eleição da UCVMS não apenas definirá o novo presidente, mas pode simbolizar o início de uma nova fase — ou o fim de uma entidade enfraquecida por escândalos e desmobilização política.
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