POLÍTICA
Bolsonarista condenado por vandalismo em Palácio do Planalto começa a cumprir pena de 17 anos
Antônio Cláudio Alves Ferreira enfrenta as consequências legais por destruir patrimônio histórico durante invasão
10/12/2024
16:35
NAOM
DA REDAÇÃO
©REPRODUÇÃO
Antônio Cláudio Alves Ferreira, um mecânico de 32 anos identificado como militante radical em acampamentos bolsonaristas, iniciou hoje o cumprimento de sua pena de 17 anos de prisão em regime fechado. A condenação foi proferida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) devido à sua participação nos atos de 8 de janeiro de 2023, que resultaram na invasão do Palácio do Planalto.
Durante a invasão, Ferreira destruiu um relógio histórico do Palácio do Planalto, um artefato francês do século XVII que foi presenteado a Dom João VI. As imagens do vandalismo, capturadas pelas câmeras de segurança do Planalto, ganharam ampla repercussão internacional, destacando a gravidade dos atos cometidos pelos invasores.
No julgamento realizado em junho, Ferreira foi condenado por uma série de crimes, incluindo abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, associação criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Além da pena de prisão, o STF ordenou que Ferreira pague R$ 30 milhões em danos morais coletivos.
Ferreira confessou o ato, justificando-o como uma "reação dos órgãos de segurança". Após o incidente, ele fugiu para Uberlândia, Minas Gerais, onde permaneceu foragido por 16 dias antes de ser capturado pela Polícia Federal. Atualmente, Ferreira está detido no Presídio Professor Jacy de Assis, em Uberlândia.
Descrito como um militante radical, Ferreira participou de acampamentos bolsonaristas que defendiam a intervenção militar após a vitória de Luis Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições. No dia dos atos, ele vestia uma camiseta com o rosto do ex-presidente Jair Bolsonaro, reforçando sua identificação com o movimento.
Alexandre de Moraes, relator do caso, destacou que a condenação de Ferreira reflete a gravidade dos ataques e a necessidade de proteger os bens nacionais. Com a decisão do STF, o processo foi encerrado sem possibilidade de novos recursos, consolidando a punição severa para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
O relógio destruído por Ferreira, produzido por Balthazar Martinot, é um dos dois únicos exemplares conhecidos no mundo, sendo o outro mantido no Palácio de Versalhes, na França. A peça é feita em casco de tartaruga e bronze, simbolizando a herança cultural do período monárquico brasileiro.
Nas semanas seguintes aos acontecimentos de 8 de janeiro, a Embaixada da Suíça ofereceu ajuda ao governo federal para a restauração do relógio. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, afirmou que a cooperação seria uma "honraria" ao Brasil. O acordo envolveu o Ministério da Cultura, a Presidência da República e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Um esforço conjunto de especialistas suíços e brasileiros, incluindo relojoeiros, curadores e artesãos, foi mobilizado para restaurar a peça. Em maio de 2023, a equipe realizou uma análise detalhada do estado do relógio no Brasil, e em dezembro de 2023, as partes danificadas foram enviadas para a Suíça para a restauração completa.
Os especialistas finalizaram a reconstrução do relógio, que está pronta para retornar ao Brasil. Além de sua relevância artística e histórica, o relógio simboliza a preservação da memória e a resiliência democrática do país. A reinstalação da peça no Palácio do Planalto servirá como um lembrete da importância de proteger e valorizar o patrimônio nacional.
Com a condenação de Ferreira e a restauração do relógio, o Brasil reafirma seu compromisso com a preservação cultural e a manutenção do Estado Democrático de Direito, assegurando que atos de vandalismo e tentativas de golpe não passem impunes.
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