Campo Grande (MS), Segunda-feira, 27 de Outubro de 2025

Política / Relações Internacionais

Lula diz que conversa com Trump foi “surpreendentemente boa” e prevê acordo comercial entre Brasil e EUA

Presidente destacou respeito mútuo e afirmou que tarifaço norte-americano pode ser revertido nas próximas semanas

27/10/2025

07:15

DA REDAÇÃO

Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (27), em Kuala Lumpur, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a conversa com o presidente Donald Trump foi “surpreendentemente boa” e que ambos estão “determinados a fechar um acordo comercial” em breve. O encontro entre os dois líderes ocorreu no último sábado (25), durante a passagem da comitiva brasileira pela Malásia.

“Se depender do Trump e de mim, haverá acordo”, declarou Lula.
“O fato de termos posições políticas diferentes não impede que dois chefes de Estado tratem seus países com respeito. Ele me respeita porque fui eleito pelo povo brasileiro, e eu o respeito porque foi eleito pelo povo americano.”

Acordo e retomada de confiança

Lula informou que entregou por escrito as demandas do governo brasileiro, incluindo o pedido de suspensão das tarifas impostas aos produtos nacionais, que ele classificou como “injustas e baseadas em informações equivocadas”.

“Mostrei a ele que os Estados Unidos tiveram um superávit de US$ 410 bilhões com o Brasil nos últimos 15 anos”, disse o presidente, reforçando que Trump demonstrou disposição em resolver o impasse rapidamente e orientou sua equipe a buscar uma solução “em poucas semanas”.

Segundo Lula, o encontro foi franco e respeitoso, marcado por diálogo direto e interesse mútuo em restaurar a confiança entre os dois países.

“Quem imaginava que eu não teria relação com os Estados Unidos perdeu. Vai ter, e vai ser uma relação produtiva entre dois países democráticos.”

Relação com a China e autonomia diplomática

O presidente brasileiro ressaltou que o possível acordo com os Estados Unidos não altera a relação do Brasil com a China, seu principal parceiro comercial.

“Isso não tem nenhuma implicação na relação com a China. São coisas totalmente distintas. O Brasil continuará mantendo relações autônomas e equilibradas com todos os parceiros”, afirmou Lula.

Ele também reiterou que não aceita condicionalidades impostas por nenhum país:

“Os Estados Unidos fazem acordo com quem quiser, e eu também faço acordo com quem quiser. A nossa política externa é de soberania e pragmatismo.”

Mediação da crise na Venezuela

Durante a conversa com Trump, Lula também abordou a crise política na Venezuela, defendendo solução pacífica e negociada.

“O problema da Venezuela deve ser resolvido na mesa de negociação, e não na base da bala”, afirmou.

Lula lembrou que o Brasil tem experiência em mediação de conflitos, citando o Grupo de Amigos da Venezuela, criado em 2003, como exemplo de cooperação diplomática bem-sucedida.

“O Brasil já ajudou uma vez a fortalecer a democracia venezuelana. Acho que é possível encontrar uma solução se houver disposição de diálogo.”

Diálogo com firmeza e soberania

Ao final da coletiva, Lula destacou que a nova fase das relações entre Brasil e Estados Unidos será baseada no respeito e na defesa dos interesses nacionais, sem abrir mão da independência diplomática.

“Quando duas pessoas querem negociar de verdade, tudo fica mais fácil. Nós dois queremos o mesmo: que Brasil e Estados Unidos voltem a ter uma relação de confiança e benefício mútuo.”


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